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Mar 09
publicado por hoogavermelho, às 20:07link do post

 

A última crónica de MST em “a Bola” revela um homem novo, tristemente amargurado.
Diga-se desde já, porém, em abono da verdade, que a novidade do seu ego é nitidamente bipolar. Concretizando melhor, um dos pólos do seu ego mantém-se, religiosa e fanaticamente, fiel às travessuras mistificadoras da história, ora esquecendo, ora invertendo, ora inventando.
O outro pólo foi sendo compelido, intercaladamente, para a realidade, parte da qual já começa a compreender e a admitir. A partir daqui, lança o seu angustiado lamento contra aquela realidade que emblema o seu presidente e a postura que este adopta perante ela.
E surpreende-nos com algumas revelações.
 
MST começa, obviamente pela parte do ego que repele a história e a verdade. Aí, tenta o lenitivo de suas mágoas, um desesperante paliativo da crueza da realidade que repudia.
O que “passará à história”, escreve, “é a operação sabiamente planeada e montada com o objectivo principal de quebrar os rins ao FCP, pôr ponto final na sua hegemonia futebolística”. E “não no terreno do jogo”, continua, mas “fora de campo, no terreno da justiça”.
 
Já alguém chamou a este discurso – e MST também – o protótipo da “teoria da vitimização”, em especial quando reportado a um discurso de um político com algumas responsabilidades.
Claro que ele apenas se compreende como um desabafo, um suspiro profundo que tenta ilidir a amargura de uma realidade que vai penetrando – dificilmente, é certo – a parte do ego que ainda resiste a admitir o óbvio mas se vai aos poucos conformando com a verdade.
 
Sim, MST continua, como dizia Ricardo Araújo Pereira, a escrever coisas de que não percebe nada, ou faz que não percebe. Custa a acreditar que um homem tão sabichoso, como tanto enaltece MST, se deixe enredar numa “operação sabiamente planeada e montada”…
Mas que acreditemos nisso, é só o que MST pretende. Todavia, engana-se a si próprio e não consegue enganar os outros.
 
Que a dita “operação” tenha por cenário o tribunal e não o “campo”, é apenas mera consequência da realidade rebelde ao ego bipolar de MST. De facto, é porque o “campo” está minado pela alegada batotice em julgamento, acerca da manipulação da verdade desportiva, que se escolhe o tribunal como cenário. É lá que se tenta apurar a verdade material dos indícios de comportamentos que constituem crime. É lá o único lugar indicado para isso.
 
MST sabe muito bem que a “hegemonia futebolística” de que fala está precisamente em causa por esses indícios de corrupção desportiva.
 
O “senso comum e a simples boa-fé” sabiam – e sabem – que, desde há duas décadas e meia para cá, os resultados desportivos estão, na maioria dos casos, viciados à partida! Já poucos acreditam na verdade desportiva!
O “senso comum e a simples boa fé” têm perfeito conhecimento do que foi dito e não negado nas escutas telefónicas, nas viagens de férias pagas a árbitros, da oferta de fruta, dos quinhentinhos, dos domínios sobre a arbitragem e sobre os órgãos desportivos de disciplina e de justiça, dos “tristíssimos” juízes Mortágua – a adjectivação é da pena de MST, não nossados conselhos e avisos “manda quem pode, obedece quem tem juízo”.
O “senso comum e a simples boa fé” vão deixando os estádios de futebol cada vez mais às moscas.
 
O apito dourado não é a causa, como pretende MST.
O apito dourado é a consequência dos indícios da corrupção, da batotice, da desvirtuação dos resultados desportivos e, inelutavelmente, da correspondente verdade desportiva.
 
E a “sentença popular” já foi proferida há tanto tempo!...
 
Um simulacro de campeonato do mundo de clubes só foi instituído há quatro anos. É um arremedo, mas, enfim, ainda lá estão presentes os campeões de clubes da Europa, América, Ásia, África e, salvo erro, da Oceania ou qualquer coisa do género.
E passou a ser organizado pela FIFA.
 
Aquilo em que o FCP participou e ganhou, era apenas a taça Toyota, antigamente denominada, taça intercontinental, conquanto só albergasse os campeões de clubes do continente europeu e do continente sul-americano.
 
Consequentemente, o FCP nunca foi campeão do mundo de clubes!
 
MST para além de colocar o Benfica como o centro de todos os males de que o FCP e seu presidente padecem – e tem razão, porque o Benfica, pela sua grandeza ímpar, foi sempre o alvo a abater – também se vira, furibundo, para o PGR apenas por ele ter dito que, depois do julgamento de Pinto da Costa, nada ficava como dantes.
O Dr. Pinto Monteiro disse a propósito:
«…pode não se provar que sejam culpados, mas já se provou que houve indícios…»
 
Tem razão o Dr. Pinto Monteiro, o tribunal provou haver indícios de prática de crimes susceptíveis de obrigar os réus a responder perante a justiça.
 
Isto é a realidade, a verdade dos factos, mas MST refuta, escrevendo que, “em dois ou três casos em que o MP quis acusar, a justiça reduziu os seus (do Dr. Pinto Monteiro) indícios a meras intenções sem fundamento e a sua (ainda do Dr. Pinto Monteiro) querida testemunha a alguém desprovido de qualquer credibilidade”…
 
MST de novo se faz esquecido de algumas coisas importantes. Tenta vender o seu peixe, mas a crise actual não o vai ajudar muito…
 
As decisões da justiça recaíram sobre factos diversos dos que estão agora em juízo. Essas decisões não inocentaram ninguém porque se referem apenas aos indícios recolhidos pelo MP.
Por conseguinte, tais decisões são até uma mera crítica implícita aos investigadores, os quais não conseguiram ser competentes no seu mester e recolher indícios suficientes para sustentarem uma acusação.
Por outro lado, MST omite que a mesma justiça – que supostamente teria desconfiado da credibilidade da sua querida testemunha – foi aquela que já concedeu toda a credibilidade à mesma querida testemunha e obriga Pinto da Costa a sentar-se de novo no mocho do tribunal, por causa das estaladas que, indiciariamente, terá pespegado nessa testemunha.
 
MST omite convenientemente, portanto, o processo judicial já denominado “estaladas em Carolina”, pelo qual Pinto da Costa também terá de responder na justiça.
 
MST pode ser muita coisa. Mas ingénuo não! Só que revela uma ingenuidade ridícula e provinciana tentar convencer os amantes do fenómeno futebolístico do porquê de não serem investigados os presidentes do Benfica, do Sporting, do Braga ou do Vitória de Guimarães.
Certamente que foram investigados!
A grande diferença é que não foi encontrada matéria factual que pudesse ser subsumida em qualquer tipo de crime, o que não aconteceu com o presidente do FCP.
De resto, MST falta à verdade. O presidente do Vitória de Guimarães, não este mas o antecessor, foi investigado e julgado pelos tribunais.
 
Mais uma confusão das muitas de MST é a sua afirmação escrita de que “todos os que intervieram, a vários níveis, para acusar o FCP são simpatizantes do Benfica”.
Então, Carolina Salgado, a chave de toda a acusação, segundo ele, também é simpatizante do Benfica?!
Grande novidade!
Foi, então, por isso que ela várias vezes ofendeu e foi até mal-educada para com Luís Filipe Vieira, recusando-se a cumprimentá-lo, virando-lhe as costas, apodando-o de “orelhas” e indo, provocatoriamente, sentar-se no meio das claques “portistas”, num jogo realizado no Estádio da Luz?!
 
MST não acredita que fosse preciso comprar o árbitro de um jogo já sem importância alguma.
Não é verdade que não tivesse importância! O FCP ainda não era campeão! Quando recebeu o árbitro, Pinto da Costa ainda não sabia que o seu aliado e satélite do Lumiar iria perder o jogo que disputava no dia seguinte à visita!
E, depois, a questão fundamental não era a do campeonato português. Era a do jogo da Liga dos Campeões que o FCP iria disputar daí a três dias, com o Desportivo da Corunha. O FCP queria fazer descansar a maioria dos seus titulares, sem sobressalto de maior, tal como fez. Jogou o jogo arbitrado pelo árbitro co-réu sem nove titulares.
O Corunha foi obrigado a jogar o seu jogo do campeonato espanhol e o jogo contra o FCP com os mesmos jogadores. Não recebeu o árbitro desse jogo na véspera do mesmo para lhe oferecer um cafezinho ou lhe prestar um conselho familiar.
Por isso, há indícios de que o FCP quis, não só defraudar a verdade desportiva do campeonato português, como ainda a verdade desportiva da Liga dos Campeões.
É muito diferente jogar com nove jogadores fresquinhos, que podem dar o litro, do que com eles meio cansados do jogo anterior, em especial num jogo de tudo ou nada ou, como diz Scolari, do mata-mata.
   
MST afirma também que Pinto da Costa “é, de longe, o presidente que mais percebe de futebol e um dos raros que não chegou ao futebol por acaso e para se promover socialmente”.
 
Certo, estamos a lembra-nos das facadas nas costas do seu (dele, Pinto da Costa) presidente, naquela época em que ele era apenas um mero director desportivo, mas um director desportivo, ou coisa parecida, com a dimensão que, ao tempo, era atribuída a tal cargo, ou seja, pouca ou nenhuma:
Isso, porém, não o impediu de abalar das Antas com cerca de metade da equipa, a parte que aliciou, e ir treinar com essa metade para, salvo erro, Leiria. O verdadeiro treinador ficou com a outra metade para treinar.
Pinto da Costa dividiu o FCP em dois e só o voltou a unir, quando o seu (dele, Pinto da Costa) presidente daquele tempo cedeu às suas reivindicações e, se a memória me não atraiçoa, se demitiu.
Foi o primeiro assalto ao poder e isso só pode ser bem sucedido, se levado a cabo por quem perceba da poda!
 
Depois, vem o acompanhamento de que se rodeou – a tal tendência “fatal para as más companhias” e para “viver rodeado de gente pequenina”, de que fala MST! – uma vez conquistada a cadeira mais alta do poder presidencial. Foram Pintos para a presidência, foram Pintos para mandar nos árbitros, foram Pintos para mandar na Associação de Futebol do Porto e, assim, na FPF, foram apadrinhados de pintos para a justiça desportiva.
Pinto da Costa deu provas sobejas de perceber de futebol. Arrebanhou com a sua pintanhada todos os lugares importantes de acção e decisão, controlou todos os meandros do futebol.
Controlou polícias, fazendo até de um certo chefe Abel o chefe da trupe do arrianço.
Arrebanhou muitos presidentes de clubes pequenos, emprestando jogadores, a troco de favores e influências em votações.
Pagou (por engano de contabilista manhoso!) viagens de férias a árbitros, comprou e ofereceu fruta em quantidade que baste. Pelo meio, foi dando uns conselhos e fazendo uns avisos pragmáticos a quem ousasse resistência e saísse da linha.
E, finalmente, até conseguiu arrebanhar os políticos presidentes de Câmaras...e, alegadamente, mais uns cobrezitos para o seu clube …
 
De facto, mais ninguém no reino do futebol português conseguiu tal proeza!
 
Chegou lá ao futebol por acaso?!
Chegou lá ao futebol para se promover socialmente?!
 
Bom, alegadamente, alguns media, teriam noticiado algumas falências ou desistências de negócios! Alguns media noticiaram também que, ainda alegadamente, ele teria tido alguns problemas com o fisco por causa desses negócios e que teria posto alguns bens a recato, antes que fosse tarde e o fisco os descobrisse.
 
Porque não precisa de se promover, ele é, por isso, um presidente muito mal pago pelo seu clube. De resto, nem sabe quanto ganha! Vai inventando números atrás de números, até ver se acerta, os quais, ao que dizem as contas do clube, com a bênção da sua comissão de vencimentos, são uma ninharia!
Também, para que precisa ele socialmente do seu clube? Por acaso o status económico – provindo do que recebe pelo exercício da presidência – tem alguma coisa a ver com o status social?!
 
 
A nossa surpresa vem da descoberta da bipolaridade que MST patenteia nesta sua crónica em algumas revelações. Revelações que, diga-se em abono da verdade, estávamos longe de imaginar pudessem ser escritas por quem foram. Não há dúvida, a mente humana não pára de nos maravilhar!
 
MST lamenta-se por ver o presidente do seu clube sentado no banco dos réus.
É um sinal positivo de auto regeneração! Ao que parece, é capaz de ter de o lá ver mais vezes!
 
Mas o seu ego bipolar está sempre presente, não se iludam! O pólo rebelde faz questão de sublinhar, logo a seguir, que não são os indícios de corrupção desportiva que o sentaram no banco dos réus!
Tal infortúnio deve-se antes “à sua fatal tendência para as más companhias”.
Como “portista” MST não consegue aceitar “que o presidente do seu clube receba um árbitro em casa para tomar café” e, ainda por cima, “acompanhado do «empresário» António Araújo e com a Dª Carolina Salgado a fazer de dona-de-casa”.
 
Ora, aí está! MST ainda não sabe dos dotes do novel conselheiro familiar, ainda está preso à desculpa do cafezinho, o que só prova que, afinal, não é apenas a Dª Carolina Salgado que entra em contradições!
E o que o teria levado a colocar entre aspas a palavra empresário? Será que ele desconfia do artifício com que a personagem resguarda presumíveis e distintos afazeres, disfarçando-se de empresário?
 
A amargura do seu ego sobressai em toda a sua nitidez quando afirma ser “inacreditável que, mesmo acossado pela justiça, Pinto da Costa não tenha ninguém minimamente prestigiado para apresentar como testemunha abonatória … para além do tristíssimo juiz Conselheiro Mortágua”.
E reforça, comoventemente, que o seu presidente “ainda não tenha conseguido … despir a capa de provincianismo”… e que, pelo contrário, “tenha preferido, como qualquer cacique da província, viver rodeado de gente pequenina”…
 
MST, amargurado, comete naturalmente mais incoerências.
Se diz que Pinto da Costa tem uma tendência “fatal para as más companhias”, queria que aparecesse alguém “minimamente prestigiado” para o abonar?!
Desconhece MST o aforismo popular, diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és?!   
 
E depois, não foi MST também um dos que apoiava entusiasticamente o discurso provinciano de Pinto da Costa, na sua estulta tentativa de dividir o País entre o norte e o sul?!
Isto é, MST apoiou o provincianismo de Pinto da Costa, enquanto o não viu acossado pela justiça!
Agora, condena-o publicamente!
Isso não é também uma forma de abandonar o “provinciano”, como toda e qualquer pessoa ”minimamente prestigiada” o abandonou?!
 
Tanta amargura seria até comovente, se dela ressaltasse um resquício de sinceridade, por mais pequenino que fosse.
Depois, qual a razão para tanta amargueza e fingimento, se MST tem a certeza de que “só pode haver um desfecho, que é a absolvição”?!
 
MST antecipou-se, por azar, aos apelos do “provinciano” à Justiça Divina e aos seus juramentos da praxe, os quais englobam sempre a pessoa da filha. Mas já devia conhecer bem esses apelos, porque o seu “provinciano” os foi repetindo sistematicamente, sempre que o acusavam na Terra! E também já devia conhecer os juramentos pela saúde da filha.
Não foi assim que ele deu a punhalada nas costas ao Octávio, trocando-o por Mourinho?!
 
O que é imperdoável é que MST também não conheça o adágio popular: que já os nossos avós e bisavós, e os avós e bisavós deles, nos ensinavam:
“quem mais jura, mais mente”.
 
Comovedor, não é?!

Que Delicia.
monstro sagrado a 17 de Março de 2009 às 19:30

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