José António Lima (JAL) também tem o direito de, de vez em quando, ter os seus momentos de volúpia! Uma volúpia orgástica pela raridade e porque vencer o Benfica é para o seu clube a conquista do maior troféu em disputa. A volúpia é ainda potenciada pela obrigatória reverência da satelização dos últimos anos ao planeta dominante, sendo de somenos a condenação deste por batotice desportiva.
O clube de JAL até ganhou com merecimento e o Benfica foi, nesse jogo, um desagregado à deriva. JAL, todavia, parte de uma simples vitória, normalíssima entre estas equipas, para um lado ou para o outro, para, presunçosamente, colocar o Sporting muito acima do Benfica!
JAL tem muito disto e nem precisa de água benta! Aliás, a alegria do pobre é assim! Quando lhe cabe uma migalha fica de tal modo ufanoso que nem o novo-rico o consegue igualar! De um momento para o outro, esquece a pobreza franciscana que o seu clube tem patenteado.
JAL, nem sabe como uma equipa superior ainda se encontra classificada atrás do Benfica, de quem também levou banho de bola na primeira volta!
JAL, com a sua equipa superior que já não ganha o campeonato há muito mais tempo do que o Benfica!
JAL, já nem se lembra, nestas alturas, que em meio século – 50 anos, caramba! – nem a quinta parte dos campeonatos disputados o seu clube ganhou!
JAL já nem se lembra de que o Sporting é o terceiro clube português em todos os itens!
JAL escreve que o Benfica nem se pode queixar da arbitragem!
Olhe que pode, Olhe que pode, JAL! Ainda com o resultado em 0-0, há um penalti contra o Sporting, cometido sobre Aimar! Veja bem as imagens e os vídeos, mas os isentos, não os da Sporttv do planeta dominador do seu satélite!
Olhe que, assinalado e convertido esse penaltie, só por artes de adivinho poderia afirmar que o desenrolar do jogo seria igualzinho ao que foi!
E como, na opinião suspeita de JAL, o Benfica nem sequer se poderia queixar de arbitragem, conclui na velha máxima de tentar ver o cisco no olho do vizinho e não enxergar tronco que vai no seu: “assim, o Benfica não veio queixar-se da arbitragem para os media”.
Talvez JAL não seja um homem de memórias confusas! Talvez JAL se tenha esquecido devido ao gozo de uma volúpia tão minguadamente no tempo ela lhe é proporcionada!
Se assim não fosse, JAL lembrar-se-ia, com toda a certeza, de que não tem havido neste campeonato maior choramingas contra as arbitragens do que o treinador do seu clube!
E desde a primeira jornada!
Um choramingueiro constante, um pouco gaguejado é verdade, mas compulsivo, não convicto!
Um choramingueiro sempre pressionante e confrangedor em busca dos favores dos árbitros!
Um choramingueiro em termos tais que, se fosse alguém do Benfica, já estava castigado e bem castigado pelos senhores que mandam na arbitragem e na Liga!
Assim, ficaram-se só pelos ameaços de um fingimento crónico e sobejamente conhecido!
O Benfica só se queixou das arbitragens quando elas se tornaram escandalosas em seu prejuízo e praticadas sem o mínimo pudor.
JAL deve desconhecer a unanimidade dos media – talvez com excepção do jornal em que mais escreve mas que poucos lêem – contra o golo anulado ao Benfica por Pedro Henriques e contra o penaltie marcado por Pedro Proença!
JAL era capaz de dormir mais descansado se pensasse mais no seu clube do que no Benfica. Bem se sabe que o ciúme, porque outros usufruem e são algo tão grande que o seu Sporting nunca pode alcançar, dói muito!
JAL devia preocupar-se mas era com a dominação a que sujeitaram o seu clube e não se contentar com as migalhas que o patrão vai deixado cair para debaixo da mesa! Como agora as que esse mesmo patrão deixou cair, ao apresentar-se com as reservas – conquanto pagas a peso de ouro, cerca de 25 milhões, mas reservas! – para disputar o jogo das meias-finais da Taça da Liga!
Ainda por cima, um patrão condenado por tentativa de corrupção desportiva, ou seja, por ter tentado fazer batotice com a verdade desportiva!
Um Sporting à leão, insubmisso, talvez conseguisse a longo prazo recuperar o estatuto de segundo grande de Portugal!
E JAL poderia ter a oportunidade de gozar de mais e verdadeiros momentos de volúpia!